Era o dia 18 de Novembro quando embarquei rumo a uma das ilhas de Guiné Bissau. Enquanto o barco se aproximava da ilha já pude ver o porquê dizem que é “a ilha mais linda do mundo”, realmente é uma linda paisagem. A região das ilhas é dominada pela etnia Bijagó, eles tem suas tradições de mistérios animistas, mas não existe um início concreto para a religião, muito menos regras específicas, tudo se resume a muito êxtase e encontro com “Iran” o deus deles, traduzindo: Iran é satanás e nos seus rituais eles tem encontros em que o “Iran” aparece e até dá algumas ordens. Os Bijagós consultam a esses “demônios” e pedem favores que geralmente são realizados. Agora, estava eu entrando num território inimigo e eu sabia que Iran não estava nem um pouco feliz por eu estar lá.
Meu objetivo era realizar um evangelismo de duas semanas na Igreja Adventista da ilha de Bubaque. Durante o período do pastor Davi Tavares, várias igrejas foram implantadas nas ilhas e a de Bubaque é uma delas, uma das únicas que tem templo próprio (mesmo não estando em boas condições). Essa igreja tinha cerca de 200 membros e um obreiro era responsável pela congregação, mas por causa de problemas financeiros e administrativos o obreiro foi retirado do local e a partir daí a assistência diminuiu de maneira que quando cheguei na igreja fiquei assustado por ver apenas 8 pessoas contando com as crianças. Todos os membros ativos que sobraram foram 6 jovens. Um de 18, outros dois de 21, outro de 22, 24 e 29 anos. Uma igreja que virou um pequeno grupo de jovens. Durante as duas semanas que estive na ilha essa foi minha equipe de apoio, jovens comprometidos com a missão, eu fiquei impressionado pela força de vontade deles de crescer a igreja e fiquei pensando: Como isso pode acontecer? Como esses jovens sem pastor nenhum permaneceram firmes?
Eu sei que Deus nos usou para levar o evangelho para essas pessoas, logo no sábado pela manhã preguei sobre missão e o propósito que Deus tem para nós, eu fiz uma pequena reunião e dividimos as funções. À tarde saímos ilha a fora convidando pessoas para as reuniões de maneira que a noite a igreja estava lotada na maior parte de crianças e adolescentes. Junto com o material, trouxe também um gerador novo que a sede da missão em Bissau havia comprado e enviado para a Igreja, mas o gerador só nos deu problemas. Por um motivo
desconhecido o gerador não conseguia oferecer a força total necessária e por isso muitas vezes o projetor desligava no meio da palestra, foi assim durante quatro dias quando finalmente “pifou” de vez, não sabemos o porquê, só sabemos que desde o início o gerador não funcionou. Terminei a palestra no escuro, parecia que estava tudo uma bagunça, muitas crianças falando e algumas até brigando. No final no quarto dia fizemos uma oração e pedimos para Deus afastar satanás e as forças do mal daquele lugar e nos fortalecesse e pedimos sabedoria para lidar com os problemas que viria.
Na quarta feira pela manhã fomos até uma fábrica de gelo e pela graça de Deus conseguimos um contrato onde essa fábrica nos forneceria energia suficiente durante o período do evangelismo. Compramos a fiação necessária e até o fim da campanha quase não tivemos problemas de energia. Outro grande problema que encontramos era a quantidade de crianças, cerca de 80 a 100 crianças vinham todas as noites e como controlá-las? A solução foi realizar uma programação especial para elas, então, começávamos com o filme de jesus, músicas e sorteios, depois as crianças saiam para fora e lá elas escutavam histórias e aprendiam músicas e até mesmo numa das noites elas apresentaram uma música.
Durante o dia, aproveitávamos para visitar as pessoas que estavam indo na conferência, fiz muita amizade a também conheci lugares e costumes bem legais. Cada dia eu saia com um dos rapazes que estava me ajudando e procurava fazer amizade com eles para animá-los e nesse período procurei fazer deles discípulos para que pudessem segurar a barra quando acabasse a conferência. No domingo, realizei um treinamento de Pequenos Grupos e Duplas Missionárias, os preparei para criar um pequeno grupo que já está em funcionamento, e também aproveitei para ensiná-los a dar estudos bíblicos. Foi uma tarde agradável e a cada dia juntos os preparava para liderar a igreja. Para ajuda-los ainda mais, fiz alguns esboços de sermões e numa reunião de comissão já fiz uma lista de pregação até o próximo pastor chegar na ilha em fevereiro. Entreguei todo o material de Pequenos Grupos e Duplas missionárias.
No Final da Conferência, pela graça de Deus 18 pessoas decidiram pelo batismo. Depois da última palestra fiz uma reunião com os membros da igreja e com os futuros membros. Mostrei a família que eles haviam ganhando, todos nos abraçamos e oramos juntos pedindo para Deus nos unir cada vez mais para que possamos estar juntos nessa missão de pregar o evangelho. Aproveitei o momento também para a adoção; cada membro adotou pelo menos dois novos conversos para visitar, fazer amizade, enfim ser seu discípulo, cada membro ficou como responsável espiritual dos novos membros que irão se batizar no dia 24 de dezembro de 2011.
Nesse período que estive na ilha de Bubaque, pude perceber muitas coisas e as muitas necessidades que nossa igreja enfrenta ao redor do mundo. O resultado de uma igreja sem pastor é o que eu presenciei, encontrei muitas pessoas nas ruas que se diziam Adventistas mas nem apareceram sequer numa das noites do evangelismo, os verdadeiros membros são aquele remanescente que tinha em sua mente que a igreja é muito mais que um pastor, a igreja somos nós. Se por acaso acontecesse na sua igreja o que aconteceu na igreja de Bubaque, será que você seria o que está fora ou o que permaneceu firme independente dos problemas?
Graça e paz do Nosso Senhor Jesus!É apaixonante e contagiante a dedicação que você transmite atravéz de seu trabalho aí na África.Te acompanhamos e oramos sempre para que você continue a ser um instrumento de Deus para levar ¨vida¨às pessoas. ps:2012 cheio de conquistas e muitas alegrias é o que te desejamos.Paz!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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